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Diário de Penápolis

Cidade & Região

25/04/2021

Engraxate mantém tradição nas ruas de Penápolis

DA REPORTAGEM

Cada vez mais raro nas cidades do Brasil, o ofício de Engraxate vem caindo ao longo dos últimos anos. Em Penápolis não é diferente. Hoje é raro encontrar algum profissional que percorra as ruas da cidade com sua caixa e produtos para limpar e lustrar sapatos. Aos 36 anos, com 28 de profissão, Keiti Cristian de Souza Matos, é um dos últimos, talvez até mesmo o único, engraxate em atividade em Penápolis. É comum vê-lo pelas ruas tentando encontrar clientes, e aguardando a chegada daqueles que já são fixos, os quais sempre o encontram próximo ao centro comercial da cidade. “Hoje é cada vez mais difícil a pessoa que procura os trabalhos de um engraxate, é o que eu aprendi e cresci fazendo, por isso desejo manter o ofício como forma de sustento”, comentou.
Matos aprendeu a profissão sozinho e começou a trabalhar como engraxate em Penápolis aos oito anos de idade para ajudar no sustento da família.
Segundo ele, antigamente era muito mais comum o trabalho de um engraxate, sendo mais comum encontrar pessoas interessadas na limpeza dos sapatos. “Na verdade, antes era mais comum encontrar homens usando sapatos, aliás somente o público masculino é que sempre utilizou este serviço. Hoje os tênis se tornaram mais comuns, até mesmo pelo conforto, o que contribuiu para que o ofício se tornasse cada vez mais raro, e com o menor número clientes, também houve diminuição de engraxates”, comentou.
Ele explicou que atualmente, a maioria de seus clientes é formada por advogados ou aposentados que circulam pelo centro da cidade. “Os advogados, por exemplo, são pessoas que, de maneira geral, sempre estão usando sapatos. Já as pessoas mais velhas ainda fazem questão de usar sapatos e mantém o costume de engraxá-los, por isso, buscam o serviço de limpar e lustrar os calçados”, explicou.
Ele faz a limpeza dos sapatos com água e produtos específicos que oferecem maior proteção e durabilidade do produto usado na fabricação dos calçados. “Após a limpeza, é aplicada uma graxa específica e depois dou brilho nos sapatos”. Ao fim de um dia, revelou que consegue uma renda média de R$ 50.

Pandemia prejudicou ainda mais o serviço
Como a grande maioria dos profissionais, Keiti Matos também teve seu trabalho prejudicado com a pandemia causada pela Covid-19. Por causa do isolamento social e o fechamento do comércio, caiu também a circulação de pessoas no centro da cidade. “Meu rendimento caiu cerca de 80%. Senti muito os efeitos da pandemia com o fechamento do comércio e com a diminuição da circulação de pessoas idosas, que é o grupo de risco e maioria entre meus clientes, evitarem sair de casa”, disse.
Apesar disso, ele comentou ainda que, aos poucos tenta recuperar sua renda. “Principalmente nas últimas semanas, quando o comércio tentou recuperar o movimento, também estou tendo um aumento na clientela. Vou procurando maneiras para continuar meu trabalho e espero que, a partir de agora, as coisas possam melhorar para todos nós”, destacou.
Mesmo em tempos difíceis com a pandemia, Matos revelou que a solidariedade das pessoas também tem contribuído com seu trabalho e sustento. “Recentemente, estava buscando clientes nas ruas quando uma pessoa se aproximou e passou a conversar comigo, interessado no meu trabalho. De uma forma surpreendente e comovida com minha situação, sem que eu pedisse, me ajudou com uma quantia em dinheiro, o que me deixou muito feliz e emocionado, ressaltou.
De maneira geral, o engraxate penapolense sabe que a tendência desta profissão é não mais existir. “Hoje as pessoas não querem mais saber de engraxar os sapatos, isto é fato, principalmente, entre os jovens. Mas esta é minha profissão, que exerço com amor e, enquanto eu puder vou manter meu trabalho de forma honesta. Prefiro não ganhar nenhum real com meu trabalho do que me envolver com coisa errada”, concluiu.

(por Rafael Machi - rafael@diariodepenapolis.com.br)


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