01/10/2020
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e o vice-presidente da laboratório chinês Sinovac, Weining Meng, assinaram ontem, quarta-feira (30), um contrato que prevê o fornecimento de 46 milhões de doses da vacina Coronavac para o governo paulista até dezembro deste ano.
O contrato também prevê a transferência tecnológica da vacina da Sinovac para o Instituto Butantan, o que significa que, o instituto brasileiro poderá começar a fabricar doses dessa vacina contra o novo coronavírus. O valor do contrato, segundo o governador João Doria é de US$ 90 milhões.
Segundo Meng, o acordo para transferência de tecnologia facilita a logística e vai permitir que o Instituto Butantan fabrique a vacina e a distribua de forma mais rápida e ágil para a população brasileira. “O Brasil é um país grande, com mais de 200 milhões de pessoas e precisa de bastante vacina. Com a produção local, conseguiremos fazer isso”, disse ele ontem (30), em São Paulo, acompanhado por um tradutor.
A vacina está sendo desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan e está na fase 3 de testes em humanos. Essa fase 3 de testes em humanos testa a eficácia da vacina e está ocorrendo no Brasil desde julho, com 13 mil voluntários da área da saúde.
A expectativa do governo paulista é de que a vacinação desses voluntários seja encerrada até o dia 15 de outubro. Caso os testes comprovem a eficácia da vacina, ela precisará de uma aprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) antes de ser disponibilizada para vacinação no Brasil.
Segundo Doria, outras 14 milhões de doses serão fornecidas pela Sinovac ao governo paulista até fevereiro do próximo ano. A ideia do governo paulista é de que seja feito um acordo com o Ministério da Saúde para que essas 60 milhões de doses sejam disponibilizadas para parte da população brasileira por meio do Programa Nacional de Imunização do SUS (Sistema Único de Saúde). Mas o governador já avisou que, caso não haja acordo em nível federal, a vacinação será voltada para a população paulista, que daí seria vacinada totalmente até março do próximo ano.
A expectativa do governo paulista é de que a vacinação seja iniciada no dia 15 de dezembro deste ano. Os primeiros a serem vacinados serão os profissionais da área de saúde. "Os testes seguem até o dia 15 de outubro. Mas estamos confiantes no resultado dessa vacina. Estamos avançando positivamente, com esperança no coração, de que essa será uma das mais promissoras vacinas contra a covid-19 [a doença provocada pelo novo coronavírus]”, disse Doria. “Vamos respeitar os procedimentos de testagem, e após aprovação da Anvisa, o início da vacinação está previsto para começar no dia 15 de dezembro, começando pelos profissionais da saúde", acrescentou o governador.
Eficácia
Segundo Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, o resultado da eficácia da vacina começa a surgir quando 61 dos voluntários adquirem o novo coronavírus. “Os testes de inclusão dos voluntários terminam no dia 15 de outubro. A partir daí, não se vacina mais e acompanhamos os voluntários. E daí vai depender da incidência de infecção da covid-19 nos 13 mil voluntários. Quando ocorrer pelo menos 61 casos de covid-19 dentre os 13 mil voluntários, podemos fazer o que se chama de análise interina, que pode demonstrar a eficácia [da vacina]. Se a vacina for altamente eficaz, ela já pode demonstrar isso [nessa análise interina] e aí já permite a remessa da documentação [sobre o estudo da fase 3] para a Anvisa”, falou.
“Se isso não acontecer nesse primeiro momento, nós aguardamos um segundo momento, que é a análise primária, quando teremos 154 casos da covid-19 entre os voluntários. Daí se demonstra a eficácia e podemos disparar o processo de registro na Anvisa. Isso vai depender do nível de infecção na população vacinada”, explicou.
“Esperamos que, até o final do mês de novembro, esses dados estejam disponíveis para permitir o registro da vacina”, acrescentou Covas.
A vacina
A vacina é inativada, ou seja, contém apenas fragmentos do vírus, inativos. Com a aplicação da dose, o sistema imunológico passaria a produzir anticorpos contra o agente causador da covid-19. No teste, metade das pessoas receberá a vacina e metade, placebo, substância inócua. Os voluntários não saberão o que vão receber. A vacina está sendo aplicada em duas doses, no prazo de 14 dias.
Estudos de fases 1 e 2 da vacina, feitos na China, revelaram que ela é segura. Os testes de fase 3 vão comprovar se a vacina é eficaz, ou seja, se ela protege contra o novo coronavírus.
(Com Agência Brasil)
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