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13/07/2021

Por mais apelidos no futebol

Recentemente, houve dois casos similares no futebol paulista. No Corinthians, o jogador Gustavo Mosquito pediu que não o chamassem mais assim. Queria ser apenas Gustavo Silva. No arquirrival Palmeiras, o centroavante Papagaio declarou uma mudança de vida e pediu para ser chamado pelo nome de batismo, Rafael Elias.

Muito embora os locutores venham tentando atender aos pedidos dos atletas, é difícil tirar essas alcunhas da cabeça. O palmeirense é frequentemente mencionado como “Rafael Elias, o antigo Papagaio”. E o senhor Silva, apesar das súplicas, continua sendo o Mosquito.

Papagaios e Mosquitos deveriam assumir seus nicknames. Eles são parte da identidade dos jogadores. Provavelmente surgiram nas categorias de base, como forma de identificá-los, distingui-los e, ok, talvez brincar um pouco. Mas isso é futebol – irreverência entre quatro linhas.

Um apelido é o nome que diferencia alguém dos demais. Em algumas competições, como no poker, alguns apelidos fazem todo o sentido, outros seguem as regras antigas, e há aqueles que são simplesmente bizarros e viram uma marca registrada. E por que não no futebol? No passado já tivemos Beto Fuscão e Luís Chevrolet. Mesmo que não os conheça, dá para saber que são zagueiros, e que são fortes. Esse é o poder do apelido! E o que dizer de outro defensor, que ainda está em atividade: Gustavo Geladeira, do Boavista-RJ. Quem vai querer entrar em uma dividida com um eletrodoméstico de grande porte?

Parece que hoje em dia apelido é ofensa, mas nem sempre foi assim. Grandes jogadores tinham codinomes, e dá para escalar um timaço só com eles: Dida, Cafu, Dedé, Tite (sim, ele mesmo) e Guga; Vavá, Didi, Tita, Pelé, Zico e Dudu (o antigo, não o mais novo). E aqui estou usando só quatro letras. Tire os apelidos e use nome e sobrenome, como querem tantos nos dias de hoje. Seu time seria Nelson de Jesus, Marcos de Morais, Anderson da Silva, Adenor Bacchi e Cláudio Gomes; Edvaldo Neto, Waldir Pereira, Milton paixão, Edson Nascimento, Arthur Coimbra e Olegário de Oliveira. Ficou melhor? Você decide!

De qualquer forma, parece que os nomes compostos estão em alta. Alguns dizem que é influência de empresários, procuradores e assessores em geral, sempre de olho em criar uma marca vendável para os ricos mercados da bola. Mas ainda assim, um nickname seria a melhor escolha. Dentre tantos Lucas, Matheus, Gabriéis e Igores, seria mais fácil se destacar usando uma boa alcunha. Volta, Papagaio!

Até porque, os jogadores podem tentar ocultar apelidos de um lado, mas do outro estão os locutores esportivos. E esses não perdoarão. É claro que não podem trocar o nome do Rafael da vez, mas podem, sim, colar um aposto no atleta. Euller era “o filho do vento”; Pepe era “o canhão da vila”; Rivellino era “o reizinho do parque”; Ademir da Guia, “o divino”; Ronaldo Nazário, “o fenômeno”. Mas esses são os bons rótulos. Alguém quer receber a antonomásia de “Cai-cai”, “Soneca” ou “Mão de Alface”? Na dúvida, é melhor tomar a frente e se autorrotular, antes que algum aventureiro o faça. 

Para quem ainda não se convenceu, talvez haja uma solução: adotar um meio termo. Como Serginho Chulapa, Gilberto Sorriso ou Paulo Cesar Caju. Já ajuda. Para quem se convenceu, a sugestão é utilizar apelidos no nome e no sobrenome. Dois exemplos para fechar a questão: Dadá Maravilha e Mané Garrincha.

Em última análise, a morte do apelido traduz, em boa medida, a queda na qualidade do futebol brasileiro. Nossos atletas aprendiam a jogar bola em peladas na várzea, jogando com pessoas de todos os tipos e classes. Era normal serem conhecidos com um nome carinhoso (às vezes nem tanto), e carregá-lo quando começassem uma carreira em um time profissional. O futebol com nome e sobrenome, como o de hoje em dia, perde sua espontaneidade, seu improviso e sua irreverência. Vamos deixar o nome completo para o passaporte, que será necessário quando forem jogar na Europa. Até lá, vida longa aos apelidos.

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