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12/03/2023

CANTINHO DA SAUDADE

Memórias do Carboni: Demissões políticas

Atualmente a política brasileira está tão polarizada a ponto de uma determinada ala conclamar seus correligionários boicotarem serviços e negócios com a ala adversária. Isto inclui até a deixar de comprar produtos de empresas “inimigas” e a demitir funcionários contrários às suas ideias. Esse tipo de comportamento já é praticado há muito tempo e eu mesmo já passei por esta experiência de ser demitido por motivação política. Em março de 1966 eu estava saindo da adolescência, quando comecei a trabalhar no Curtume Leão, e sem nenhum registro e nem mesmo a Carteira Profissional, e por duas vezes tive, junto com outro colega, de nos escondermos nos fundos do Curtume durante visitas dos fiscais trabalhistas, livrando com isso, uma grande multa para a empresa. Meu registro só foi feito em junho de 1967, com a maioridade, e aproveitei para tirar o Título de Eleitor. Já em 1968, houve a eleição para prefeito municipal, que naquela época era realizada sempre no dia 15 de novembro, feriado nacional. Entre os vários candidatos, havia dois que se destacavam dos demais, que era o Sr Nagib Sabino e o Sr Dirceu Gastão dos Santos Peters. Eu resolvi votar no Nagib, enquanto os proprietários do Curtume optaram pelo Dirceu. Os motivos de minha preferência explicarei mais tarde. Como se sabe e a história confirma, o Sr Dirceu foi eleito. Não foi só eu que apoiei o Nagib e sim alguns outros colegas, e os patrões passavam por nós dando aquele sorrisinho irônico, como que já antecipando aquele refrão que no futuro seria famoso “perdeu Mané”. Não há como impedir o passar do tempo e chegou 1972 com novas eleições, também com dois candidatos se sobressaindo entre vários outros. E lá estava o Sr Nagib de novo, desta vez em disputa com o Sr Edson Geraissate. Mantivemos nossa opção política, contrária a dos patrões. Participei de comícios e passeatas promovidas pelo Nagib e seu vice, Felipe de Freitas. Chegamos para trabalhar no dia 16 de novembro e havia na empresa um silêncio sepulcral, com todo mundo na maior seriedade e nem mesmo as brincadeiras entre os colegas acontecia. Como a eleição ainda era no sistema de cédulas de papel, a apuração dos votos era demorada e acontecia no Museu do Sol ou no Ginásio Municipal. Também no dia seguinte, 17 de novembro, o ambiente ainda era pesado na firma e o candidato Edson tinha uma certa vantagem de votos, só que as escurecer, com a apuração dos votos da periferia, o placar virou e a contagem final definiu a vitória do Nagib sobre o Dirceu. Na manhã do dia seguinte, quando fui bater o ponto para entrar em serviço, minha ficha não estava no lugar e não só a minha, como também a do meu irmão José, a do Adriano Pinto, do Luis Mutum, do Santana e de um outro que eu não lembro o nome. Um dos diretores nos chamou ao escritório e disse que haveria uma remodelação na empresa, com dispensa de funcionários, começando por nós, que como ele mesmo disse, não éramos do lado deles, exatamente a mesma desculpa esfarrapada dos dias atuais. Eu conheci o Sr Nagib no início de 1965. Um pouco antes, em 1964, houve em Penápolis, durante uma semana, pelo que me lembro, as famosas “missões”, promovidas pelos padres redentoristas sediados em Aparecida do Norte, e aqui em Penápolis eles atuaram em vários bairros. Naquela época, o povo era bem religioso e os pais tinham orgulho de ter um filho padre e era justamente o objetivo dos padres incentivar os adolescentes a entrarem para a vida clerical no Brasil todo. Entre os rapazes que se interessaram, estavam eu e um dos filhos do Nagib, o Sander. Como o dia da partida para Aparecida, estava se aproximando, eu procurei o Sander para saber se ele ia ou não, para irmos juntos. Ele não estava em casa, mas seu pai me receber com toda a educação, me convidou para entrar, disse que seu filho não iria, me serviu água e café e até um copo de cerveja, e ficamos conversando como conhecidos de longa data. Por isso, que eu votei no Nagib. Pela sua educação, simplicidade e por me receber em sua casa, sendo que nem eleitor eu era e no dia da eleição a primeira opção foi ele, já que os outros eu nem conhecia. Apesar da decepção inicial, aquelas demissões não foram tão ruins para nós, pois dentro de poucos dias, já estávamos todos empregados e nos livramos de uma possível doença ou morte prematura com o manuseio de produtos tóxicos. Por isso eu digo a você que foi dispensado do seu serviço ou que é empresário e sofre boicote devido a essa verdadeira doença cerebral degenerativa que tomou conta de uma parcela da população, que fique calmo e acredite que a maré voltará a agir a seu favor. 

por Mário Carboni - redacao@diariodepenapolis.com.br


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