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11/12/2022

CANTINHO DA SAUDADE

Memórias do Carboni: Automedicação

As autoridades médicas do Brasil se dizem preocupados com o alto índice de automedicação dos brasileiros. Na verdade, esse é um costume que veio com os descobridores e reforçado pelos demais imigrantes e índios e continuou por séculos durante toda a época em que o Brasil era majoritariamente rural. Era muito difícil se consultar com um médico, mesmo porque não havia qualquer forma de programa, tipo SUS, que atendesse satisfatoriamente quem adoecesse. Vir para a cidade e internar-se em precários hospitais, só em casos extremos. Era muito comum ter no quintal das casas, no meio dos canteiros da horta ou nas cercas divisórias, dezenas de plantas medicinais. No meio das matas e cerrados também eram encontrados diversos tipos de raízes, cascas de árvores, folhas e cipós que constituíam verdadeiras farmácias, que curavam quase tudo, desde febres, cólicas, fraquezas e até a famosa “quentura” das solteironas e viúvas. O lugar do médico era ocupado pelas benzedeiras que curavam mal olhado, carne quebrada, quebranto de crianças e adultos. Um bom arquivo de receitas era a avó, que passava os conhecimentos para a filha, depois para a neta e assim durante várias gerações. Era famoso o chazinho da vovó para curar narizinho escorrendo, febre baixa, cólicas e para as crianças mais arteiras, tinha o chá de camomila e erva cidreira, utilizado até por adultos ansiosos. Para ferimentos mais graves usava-se urina humana misturada com fumo. Além de ervas, também eram usados partes de animais e vários tipos de insetos. O tempo passou e aconteceu o êxodo rural porque os cafezais, algodoais, arrozais e demais culturas que ocupavam grande mão de obra o ano inteiro, foram substituídos por pastagens e canaviais, que empregavam pouca gente. As matas foram derrubadas sem nenhum critério e toda a riqueza medicinal e científica foram se perdendo. Mesmo na cidade, a população conservou os velhos hábitos, cultivando algumas plantas lá da roça. Ainda havia muitos homens e mulheres fazendo benzeção usando folhas de arruda, jurema, etc... Para reforçar a segurança não faltavam vasos de “comigo ninguém pode”, espada e lança de São Jorge. O governo começou a implantar programas medicinais e a população foi-se acostumando a consultar um médico. As novas gerações não se interessaram em usar as receitas caseiras e o conhecimento milenar foi se perdendo e esquecido. Tornou-se muito difícil conseguir as ervas medicinais e até os famosos raizeiros, pessoas dedicadas ao comércio de plantas, também foram extintos. Tornou-se mais fácil comprar medicamentos manipulados ou industrializados. Ao invés de ficar minutos e até horas fazendo infusão, emplastro ou compressas era mais cômodo engolir um comprimido ou uma colher de xarope. No lugar de fumo e urina usa-se mercúrio e mertiolate, com as vacinas prevenindo várias doenças. As benzedeiras(os) foram envelhecendo e como não havia ninguém para substituí-los, esse ramo da medicina também está em extinção e estão sendo substituídos por aproveitadores, tipo vidente, ledores de sorte, jogadores de búzios, de tarô, de horóscopo, etc ...Mas, vamos ao real motivo desse artigo, ou seja, a automedicação popular. Há vários motivos, não necessariamente nessa ordem. Não há como a pessoa consultar um médico toda vez que achar necessário tomar uma medicação, já que a quantidade de médicos disponíveis não acompanhou o aumento da população. Quando vai ao posto de saúde marcar uma consulta, esta só estará disponível para vários dias depois, já que o doutor tem uma cota bem pequena de atendimento diário e é muito comum ele mesmo não comparecer ao consultório. Devido a essas possibilidades as pessoas nem vão marcar consultas e preferem ouvir as recomendações do colega, do vizinho ou parente. Já outros vão diretamente à farmácia, explicam o problema e adquirem o medicamento certo porque muitos farmacêuticos tem mais conhecimentos que muitos médicos e eu mesmo já passei por esta experiência. Quem está com dor não vai esperar até dez dias ou mais para pegar a receita médica. Há os hipocondríacos que procuram doenças em si próprio e tomam remédio indiscriminadamente. Também tem a propaganda no rádio e na televisão que induzem as pessoas a comprar e usar remédios e tem até farmácia que faz promoção desses produtos e tem até gente, acreditem ou não, que compram apenas para aproveitar os preços baixos. A foto é no Estádio Municipal no Campeonato Amador de 1992. 

por Mário Carboni - redacao@diariodepenapolis.com.br


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